segunda-feira, 19 de setembro de 2011

(não) Conto


A guria chegou em casa num estado lastimável que até assustou a mãe. Sentou à mesa, remexeu o prato e não comeu. “Estou com um embrulho na boca do estômago, não dá” avisou, e foi pro quarto se olhar no espelho. Estava um lixo, mas tudo bem. No outro dia sentiu uma palpitação forte no peito, que ia e voltava toda hora. O embrulho no estomago seguia, e fome, necas. Não demorou muito naquela semana apareceram as crises de falta de ar, seguidas de suspiros longos para recuperar o fôlego. A mão trêmula e gelada foi percebida até pelo avô, que já sugeriu remédios e médicos. Quando começou a ter uma leve febre nos finais de tarde, a mãe realmente se preocupou e estava a ponto de levar a guria no doutor. Quando já estavam todos mobilizados, a irmã mais velha notou o indício de delírio que estava ali o tempo todo: apesar de todos os sintomas, apesar daquela sensação de quase morte, o sorriso nunca saiu dos lábios. Suspende o médico, ela apenas está apaixonada.

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