quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Do drive-in

O cinema foi fechado e nem tiraram os cartazes dos filmes da porta. O balcão da bomboniere está lá ainda e eles não têm a menor vergonha de abrir aquele drive-in tosco com uma tela apagada vista por carros vazios.
O ridículo amarelo ovo com o qual pintaram a fachada mostra bem o horror e a pressa com a qual acabaram com o Capitólio – o último bastião dos cinemas de calçada – em Pelotas. Nem pensaram se ia ficar bonitinho.
A alegação: falta de público. Acredito. Mas, que eu me lembre, do pouco que sei de marketing e economia, a concorrência faz o sucesso do negócio e o monopólio mina o espírito capitalista do empreendimento.
Dois cinemas, mesmo dono, nada de promoções, filmes que chegam meses depois do lançamento - existe um calendário de estréias no Brasil e outro (se é que existe) em Pelotas -, altos preços, nenhuma campanha para atrair público, nem propaganda! Queriam o quê? Milagre econômico? Deve ser a crise no mercado imobiliário norte-americano.
Pra piorar, são desinformados. Saiu no DP: o dono do prédio – e atual feliz proprietário do único estacionamento com isolamento acústico da cidade – disse que Tropa de Elite é um fracasso de público, contrariando as expectativas do setor. Se a segunda maior bilheteria em estréia na história do cinema nacional é um fracasso, por favor, que venha o sucesso que nós precisamos.
Mas que tragam esse blockbuster para Pelotas enquanto ainda está fresquinho, se não todo mundo já vai ter visto. Inclusive a tia que atendeu o telefone no falecido Cine e disse que o Tropa, “hi, esse nem tem previsão de vir. Mas eu já assisti. Em DVD viu?”

Da inutilidade [ou Do Vietnã]

Santa inutilidade: acabo de ficar sabendo de uma tal vídeo comprometedor [a la Paris Hilton] de uma estrela teen do Vietnã.
E eu com as estrelas teen do Vietnã e seus videozinhos pseudo pornográficos?? Vem cá, a troco de que um negócio inútil desses vem parar aqui no Brasil. Tudo bem, pode-se dizer que somos todos viventes de países subdesenvolvidos, devemos compartilhar nossas coisas, mas e daí? Como é que o vídeo da criaturinha essa [Hoang Thuy Linh é o noem dela] chega ao interior do Rio Grande do Sul, mas eu nunca ouvi falar de um escritor vietnamita?
Sim, porque devem existir escritores, afinal, se nós temos de dizer "sim, e Clarice" a todo o estrangeiro que diz "Brasil; Pelé!" (vide LFV), os vietnamitas provavelmente devem ter uma resposta para "Vietnã, guerra".
E antes que eu me revolte - como diria o Ariel -, é realmente impressionante a troca de informação inútil mas que é interessante para um monte de gente de alguma forma e que acaba fazendo com que a internet seja o que é: diversa e útil para todos os fins, meio para milhares, fim em si mesmo para alguns, uma realidade distante para outros tantos.
Em tempo: segundo informações, a guria é estrela da "malhação" do Vietnão [será que tem alguém que precisa limpar o resumo da malhação de lá para publicar no jornal?] e saiu do ar por causa do vídeo. Aqui por essas bandas já não é grande coisa. Volta e meia aparecem vídeos assim e todo mundo comenta mas o auê é cada vez menor. Outro dia apareceu um videozinho de uma High School Musical, e, ao que me consta, não houve muito frenesi. A gurizada já tá achando normal.

E alguém me indica um escritor vietnamita?

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Do erro

Foi toda a minha energia naquele e-mail. Preciso fazer coisas simples, como escovar os dentes, e não consigo. Não consigo. Fiz o que não podia fazer e agora me desculpar parece insuficiente. Erro pequeno, dois toques. O suficiente para um turbilhão de sentimentos e dessentimentos orquestrados pela culpa. Desculpa.
Parece que nunca mais vai ser o mesmo, nunca. Vai ficar como se nada tivesse acontecido, e aquele elefante sentado entre um e outro lugar. Perdi por ficar inerte, errei por tentar nada fazer e fazer.
Desculpo-me. Culpo-me. Detesto-me.
Nada nada nada faço, simplesmente reclamo. 'Reclamar é desperdício de energia', mas que importa a quem não mais as tem.
Estouro bolhinhas para me lembrar da impaciência e do humor instável que estranhamente adoro.
Dois dedos; dois toques; uma pressão. O suficiente para estourar a bolhinha e não mais ser.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Do sono

Não sou do tipo que acorda de bom humor, dizendo 'bom dia, dia! bom dia, amigo sol! bom dia, amiga árvore!". Me vejo mais como um personagem de desenho animado, que tenta dormir e alguém o puxa pelos pés para tirar da cama, e ele se agarra no travesseiro - até porque o travesseiro de desenho animado é uma âncora que não sai do lugar e prende a criatura na cama.
Faz tempo que não durmo como gosto, até acordar cansada de tanto dormir. Tô pra ver alguém que se sinta tão feliz como eu dormindo. Ultimamente me sinto culpada por ficar na cama até tarde, sempre acho que tem outra coisa pra fazer que é mais urgente, mas estou que não me agüento mais. Quero minha caminha quentinha e confortável pra descansar pra valer.
Estou contando os minutos e os segundos para o feriado!