Hoje ouvi uns absurdos sobre o que as pessoas acham absurdo
fazer na cama. Tá, ninguém é parâmetro de ninguém, mas a conversa – ou melhor,
relato – da menina tentando me convencer que isso ou aquilo não é coisa de
gente normal – e eu só ouvindo – me fez pensar em como é chato essa coisa da
gente ver o mundo só pelos nossos olhos. Estou eu aqui bem bela pensando que o
mundo é mundo assim filtrado por esses belos olhos verdes e, pá!, faço algo que
nunca fiz e mudo completamente minha perspectiva.
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O tempo passa, a gente muda e se vê em situações impensáveis
– ou pior, muitas vezes pensadas e pensadas de forma completamente diferente, não
raro carregadas de muito preconceito e julgamento. Achávamos que iriamos morrer
se isso ou aquilo acontecesse; que nunca nos perdoaríamos ou viveríamos bem se fizéssemos
ou deixássemos de fazer aquilo; que jamais seria possível lidar com a consciência
pesada de ter ignorado aquilo outro. Quando menos esperamos, as coisas
acontecem, fazemos ou deixamos de fazer, e ignoramos tantas outras, e tudo bem,
a vida segue, e encostamos a cabeça à noite no travesseiro para dormir o sono
dos justos. Mas uma coisa fica: a compreensão com o próximo que também é humano
e também escorrega, também escolhe o caminho menos óbvio, que também faz coisas
que a maioria acha absurda, mas que só quem passou entende o porquê e como é
possível.
As velhas enxeridas vivenciaram pouco. As velhas enxeridas não dependem de idade nem de sexo, e estão dentro de cada um de nós, que também olhamos, apontamos e julgamos as pessoas. Porém, quanto mais experimentamos coisas diferentes, quanto mais desfazemos nossas próprias certezas, mais compreendemos a natureza alheia. E mais tolerantes com nós mesmos ficamos.
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