domingo, 22 de agosto de 2010

Do choro

Choro. Choro pelos meus mortos, choro pelos meus vivos, choro por mim. Domingo é dia de choro, é dia de dengue, do dengue que não posso ter. Choro pelo que foi de ruim, e choro pelo ruim que virá. Choro o choro de outros, choro o choro que é meu, e choro o choro que é do mundo. Choro pela tristeza e pela pobreza, choro a opulência, choro o início e o fim. Choro o medíocre, e choro minha mediocridade. Choro a saudade do que foi, choro a saudade do que é, e choro a saudade do que virá. Choro, emociono-me, e choro.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Do luto literário


Não costumo sofrer de amor, mas sofro de luto literário. É, luto literário. E não é porque um escritor morreu, nem tem nada a ver com o Saramago. Fico triste e sinto uma falta danada dos personagens e da história cada vez que termino um livro. Sofro a perda daquela companhia tão cúmplice, que me acompanhou por algumas noites.
Estabelece-se uma relação íntima com uma obra literária; levamos ela para cama, dormimos com ela, sonhamos - pelo menos, eu sonho - com ela, como se fosse nossa. Não há como não sentir o leito vazio depois que os personagens se despedem. Terminei outro dia, no ônibus, Del amor y otros demonios, de Gabriel Garcia Márquez, indicação e empréstimo da esposa de um amigo, e o qual recomendo a quem gosta do gênero fantástico. Construí um mundo tão complexo, como os que exige Garcia Márquez, que me está doendo especialmente abrir mão dele. Ainda mais por ter a inspiração para a história nascido em uma pauta do Gabo ainda repórter.

Sofro de saudade, e sinto minha cama ainda mais vazia. Estou tentando engrenar com um Eduardo Galeano, dessa vez traduzido, que estava meio esquecido na prateleira. Mas Sierva María ainda habita meu pensamento.