sábado, 24 de setembro de 2011

Pós-operatório


Como é bom a gente perceber que aquele embrulho no estomago se foi, que aquela dor de cabeça não volta, que o apetite retorna e a convalescença está no fim. Quem precisa abrir a si mesmo, analisar, arrumar o que está errado e fechar de volta para seguir a vida sabe quão doloridas são essas auto-cirurgias. Mas como todo pós-operatório, um dia a dor diminui, o enfermo consegue levantar da cama e cada pisada no chão é menos desagradável. Quando menos percebemos, voltamos a vida com toda a vontade e com saudade do que deixamos em espera. Retomamos tudo e só cuidamos de limpar e arrumar sempre para que a cicatriz seja mínima, quase invisível.

Tratamos a nós mesmos a todo o tempo, analisamos o que se passa em nossas entranhas e em nossa cabeça, e decidimos, por A ou por B, por ir ou voltar, pelo sim ou pelo não. É um processo doloroso, mas um dia “la pena se va, se va, se fué”. Convalesço de minhas análises internas e tento colocar os dois pés no chão firmemente para tomar decisões. O momento não é propício, mas elas urgem, e fingir que não estão aí, postas, apenas causam danos colaterais. Decidir não é preciso, e por isso precisamos decidir. Abro os braços e me jogo nas mãos do destino. Penso em benefícios a longo prazo, mas lembro que a vida se faz aqui, a curto prazo, a cada segundo e agora. E penso e decido, e preciso decidir logo. O que queres? Nada nem ninguém. Por que não vens? Porque fico.

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