domingo, 29 de abril de 2007

De como o inútil às vezes é útil

Hoje fiz a burrice de comprar uma revista ELLE (pq eu sou uma suburbana metida a besta). A revista não tem muito a acrescentar; achei que ela pudesse tratar de moda com um pouco mais de "embasamento" ou profundidade que uma Cláudia ou Nova, mas não, elas são todas iguais, só muda o nível de vivência sexual do público leitor. As matérias são rasas, não vão muito além do feijão com arroz da moda no meu ver. Ela apenas traz as últimas tendências, grifes, roupas caríssimas e todo o tipo de produtos para gente com dinheiro mesmo.
E gente que não quer pensar. A ELLE da edição de abril traz uma matéria - com a cartola "Atitude" e o título "Mulher Maravilha"- um guia rápido de como se tornar uma mulher marcante. A idéia é fazer uma leitora comum (e rica) virar uma mulher inesquecível tipo Mary Jane para Peter Parker. Dentro do estilo de cada uma, é claro, porque manter a individualidade é a chave pra tudo.
O principal conselho é algo como seja você mesma, mas com classe e inteligência, porque, pasmem queridas leitoras, apenas mulheres com capacidade de pensar e com algo a dizer marcam um homem para sempre.
Eu sei, eu pedi!! Comprar uma revista "feminina" é pedir pra ler besteira, mas sei lá, eu tava a fim. E pra algo ela me serviu. A primeira dica para se tornar uma mulher marcante é "Inspire!". Inspire um homem, seja uma mulher inspiradora para a vida do cobiçado. Mas a dica quase passa despercebida em meio a formas de se vestir sexy e de como manter o cabelo e a maquiagem.
Horas mais tarde, lendo sobre "As cem músicas do século", no Vagalume, li sobre Layla, do Eric Clapton, uma declaração para Patty Boyd. Caso você não vá atrás do link do artigo, aí vai a transcrição: "Layla é uma apaixonada declaração de amor para Patty Boyd – a saber, a ex-mulher de George Harrison e futura senhora Clapton - que costuma brincar dizendo que duas das maiores canções de amor do rock: essa, e Something dos Beatles, foram feitas para ela".
E, claro, eu, como você agora, pensei: que mulher inspiradora!! isso é que é ser marcante. Marcante não só para a vida desses dois homens, gênios de sua arte, grandes amigos, guitarristas incomparáveis, e apaixonados pela mesma - incrível - mulher. Patty foi, indiretamente, marcante na vida de todos que foram tocados por Something e Layla, e não foram poucos.
Pois é, até que as diquinhas da ELLE não são tão sem fundamento, mas seria super importante dizer que ser uma mulher realmente marcante normalmente significa ser uma paixão devastadora na vida de alguém, ser alguém que inspire a vida do ser amado de inúmeras formas, e que ninguém sai impune de um relacionamento assim. Além disso, faltou um pouquinhode interessee conhecimento - ou de sorte mesmo - da autora, Mônica Salgado, em contextualizar mais os conselhos que dá a suas leitoras. Bom, eu sei que a falta de interesse pode ser da linha editorial, do público buscado... mas pra mim não é desculpa!
Quanto a Something e Layla, são as duasincríveismúsicas escritas por causa de uma mulher excepcional ( eu não uso "para uma mulher excepcional" porque dificilmente a arte é feita "para" no meu entendimento; ela é feita em função de, por causa de, mas dificilmente para alguém... para alguém seria para conquistar esse alguém, não é?, e seria bobo). Recomendo e escuto muito essas duas canções também inspiradoras. Só fico imaginando uma coisa: será mesmo tão fascinante conhecer a mulher que teve a capacidade de desencadear tanta inspiração?

PS: à propósito, revistinha preconceituosa, né? Só um homem pode ser marcado por uma mulher?? Hellooooo.....

2 comentários:

Karina Peres disse...

Aline, tu não sabes como o PS salvou nossa amizade :p nada a ver, eu achei tudo lindo, tudo maravilhoso; o problemão, porém, é que eu já tenho a MINHA vida pra marcar, não há tempo pra sair marcando a dos outros!
Cara, acabei de ter a luz do meu TCC e já tô pensando em mudar de idéia...
Ensina-se, em todos os aspectos, a viver à sombra de outra coisa. E a gnt se acostuma. Ngm mais sabe o que é satisfação pessoal, tudo depende do bom cônjuge, do bom emprego etc [sem vírgula ;)] Ah, que saco :\


PS. êêê [colchetes] :D \o/

Jairo Sanguiné disse...

O bom das revistas femininas é que elas estão sempre na mesa do cabelereiro e nós, homens, colocamos em dia (apesar de serem sempre revistas velhas que estão ali)o universo das mulheres. Gostei muito do estilo do texto. Serei visitante assíduo por aqui.
bjos