quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Grito

Senti o grito amargo se formando pela minha garganta, e naqueles dois segundos de espera por sua saída não consegui encontrar forças para o conter. O grito me transbordou, deu forma a toda a raiva reprimida, a toda a frustração trazida por uma confirmação nefasta, a todo o horror de assistir um mundo ir para a sarjeta.
Frustração e arrependimento, arrependimento pelo reprimido, pelo que não foi vivido, pelo que se deixou passar. Passou do tempo, e muita coisa passou nesse tempo; a mágoa que não quis sentir me ataca sem piedade, se forma como uma bola gosmenta de pus e ódio externada num único grito. Um grito de raiva, pura raiva, sem dor, sem pena, somente frustração, como se uma lealdade póstuma houvesse sido traída, como se ainda fosse possível esperar ser algo do que não é. E neste dia de finados revisito minhas desilusões, saúdo o finamento do que um dia foi. Busco o renascimento, e deixo raiva, desgosto e desilusão se perderem no ar, como os ecos de um grito forte se perdem no firmamento.

Um comentário:

Giovani Andreoli disse...

mt bom! conheci agora o teu b'log. gostei mt do estilo deste texto! fiquei contente em ver o "lado literato" da minha colega jornalista, q a competência na escrita profissional eu já conhecia.