terça-feira, 13 de setembro de 2011

Direto do olho do furacão

Já que o universo resolveu me jogar no vórtice de um furacão, bem que eu podia encontrar por aí uma fenda entre o espaço e o tempo para poder dar uma pausa e curtir todas as coisas gostosinhas do mundo sem pensar nesse mundo de decisões que me espera a todo momento.

Pra que decidir tanto? Enquanto o tempo passa e o mundo anda, tudo e todos nos olham com olhos inquisidores que dizem “e aí? bora escolher, bora decidir”. E não contamos sequer com antenas que nos ajudem a perceber as condições do tempo e do espaço, nem mesmo uma dica sobre o clima – a lá se vão os grandes casacos passear nos braços esbaforidos. Ou será que as possuímos anteninhas invisíveis que de tão atrofiadas, de tão mal usadas, não as escutamos?


Procuro entender convergências astrais, consulto o tarô e estou quase apelando às runas. Meu par de antenas (por que sempre um par, por que não um trio para variar?) anda mal calibrado e não percebeu que ao falar de uma falta de rumo tal, estava na verdade prevendo a chegada de outros rumos ainda. Se não os ter me angustiava, conhecê-los me leva ao surto. Não ter opções é muito ruim; ter muitas opções com diversas e múltiplas combinações possíveis é enlouquecedor. E o maldito cérebro que adora se guiar pelo coração, esse vênus em escorpião que me comanda, faz do furacão um buraco negro.


Ó fenda espaço-tempo, deixa me refugiar em um cantinho qualquer. Levo comigo bagagem leve, só o mais gostosinho para passar o tempo que não há, e juro que saio logo, não que tempo seja problema seu. Eu vou, e volto, num piscar de olhos, que para mim pode durar um dia, um mês, uma vida. Aquela vida paralela que não há quem não queira, saber como seria a outra alternativa, ou pelo menos a chance de em uma mesma vida vivê-la duas vezes.

3 comentários:

Maicon Antonio Paim disse...

Tá vendo, jornalistas também têm uma veia poética ;)

Aline Reinhardt disse...

nem que seja uma daquelas entupidas e comprometidas pelo stress, o café, os maus hábitos...

Maicon Antonio Paim disse...

Há sempre um pouco de dor nos melhores textos