Toda escolha vem com uma pulga atrás da orelha. Por maior
certeza, o tempo sempre traz um “e se”. A vida é feita de e-ses. E se eu
tivesse comprado aquela blusa, e se eu tivesse feito aquele curso, e se eu não
tivesse voltado, e se eu não tivesse partido? Para cada se há um universo
diferente que poderia ter acontecido. O mundo é uma construção dos e-ses de
todos nós, que vão se somando e dando a cara do mundo como ele é. Para cada
escolha que cada um faz, um dominó enfileirado de coisas passa a acontecer e
outra fileira deixa de cair; nossas peças colidem com os jogos de outras
pessoas e novos efeitos vão se fazendo e mais e-ses vão surgindo, para mim,
para ti, para os outros, para o todo.
E se...? É uma boa pergunta, e eu provavelmente sei a
resposta. Infelizmente – ou felizmente, vai saber – tenho que explorar este se
que decidi seguir. Derrubei o dominó pro lado contrário do que imaginava que
iria derrubar, e desta linha não conheço
o final. Vamos ver quantas peças caem, e a que velocidade. Estarão elas bem
próximas e tudo será acelerado, ou estarão elas a intervalos longos, tornando o
caminho mais demorado? Podem ainda voltar ao ponto de partida e então derrubar
a primeira peça do dominó que desisti de empurrar. Quem sabe as voltas que este
mundo dá e as borboletas que baterão asas no outro lado do mundo? Só sei que
foi necessário um peteleco para desencadear a aceleração de consciência como
gosto de chamar. E essa amplitude me faz ver mais, ver além, e também me faz
não querer saber tanto do porvir. Deixa eu viver uma semana de cada vez, um mês
a cada mês, e depois eu penso no depois. Não que eu queira virar imediatista,
mas um pouco de imediatismo não faz mal algum ao presente. Um dominó de cada
vez, cada peça a seu momento.
4 comentários:
Vou torcer por você nesse jogo :)
Profundo e verdadeiro. Amei.
Ai, ai... muito bom o texto leio e releio e me passam mil coisas pela cabeça!! "Deixa eu viver uma semana de cada vez...", viver passo por passo. Mas, me indago em deixar e viver um novo amor ou viver um velho/novo amor? Ficar onde estou em segurança ou me entregar ao desconhecido? E apesar de tudo isso, acho q a vida ficaria muito sem graça se não houvesse esses dilemas.
Sou estou a favor dos ses que nos levam a mudar o cotidiano, a sacudir o que precisa ser sacodido. Porque se o se está ali, é porque ele já é. Parece que podemos escolher estes caminhos, mas na verdade na verdade acho que já estão traçados. O dilema é bom, mas deixar ele de lado e experimentar é melhor ainda, faz a vida ser vivida, a cada dia e plenamente.
Gracias a todos que leem o bloguinho e que comentam.
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