sábado, 15 de outubro de 2011

E se...?


       Toda escolha vem com uma pulga atrás da orelha. Por maior certeza, o tempo sempre traz um “e se”. A vida é feita de e-ses. E se eu tivesse comprado aquela blusa, e se eu tivesse feito aquele curso, e se eu não tivesse voltado, e se eu não tivesse partido? Para cada se há um universo diferente que poderia ter acontecido. O mundo é uma construção dos e-ses de todos nós, que vão se somando e dando a cara do mundo como ele é. Para cada escolha que cada um faz, um dominó enfileirado de coisas passa a acontecer e outra fileira deixa de cair; nossas peças colidem com os jogos de outras pessoas e novos efeitos vão se fazendo e mais e-ses vão surgindo, para mim, para ti, para os outros, para o todo.

       E se...? É uma boa pergunta, e eu provavelmente sei a resposta. Infelizmente – ou felizmente, vai saber – tenho que explorar este se que decidi seguir. Derrubei o dominó pro lado contrário do que imaginava que iria derrubar,  e desta linha não conheço o final. Vamos ver quantas peças caem, e a que velocidade. Estarão elas bem próximas e tudo será acelerado, ou estarão elas a intervalos longos, tornando o caminho mais demorado? Podem ainda voltar ao ponto de partida e então derrubar a primeira peça do dominó que desisti de empurrar. Quem sabe as voltas que este mundo dá e as borboletas que baterão asas no outro lado do mundo? Só sei que foi necessário um peteleco para desencadear a aceleração de consciência como gosto de chamar. E essa amplitude me faz ver mais, ver além, e também me faz não querer saber tanto do porvir. Deixa eu viver uma semana de cada vez, um mês a cada mês, e depois eu penso no depois. Não que eu queira virar imediatista, mas um pouco de imediatismo não faz mal algum ao presente. Um dominó de cada vez, cada peça a seu momento.

4 comentários:

Maicon Antonio Paim disse...

Vou torcer por você nesse jogo :)

Larissa Munhoz disse...

Profundo e verdadeiro. Amei.

Valéria disse...

Ai, ai... muito bom o texto leio e releio e me passam mil coisas pela cabeça!! "Deixa eu viver uma semana de cada vez...", viver passo por passo. Mas, me indago em deixar e viver um novo amor ou viver um velho/novo amor? Ficar onde estou em segurança ou me entregar ao desconhecido? E apesar de tudo isso, acho q a vida ficaria muito sem graça se não houvesse esses dilemas.

Aline Reinhardt disse...

Sou estou a favor dos ses que nos levam a mudar o cotidiano, a sacudir o que precisa ser sacodido. Porque se o se está ali, é porque ele já é. Parece que podemos escolher estes caminhos, mas na verdade na verdade acho que já estão traçados. O dilema é bom, mas deixar ele de lado e experimentar é melhor ainda, faz a vida ser vivida, a cada dia e plenamente.

Gracias a todos que leem o bloguinho e que comentam.