Como é bom a gente perceber que aquele embrulho no estomago
se foi, que aquela dor de cabeça não volta, que o apetite retorna e a
convalescença está no fim. Quem precisa abrir a si mesmo, analisar, arrumar o
que está errado e fechar de volta para seguir a vida sabe quão doloridas são
essas auto-cirurgias. Mas como todo pós-operatório, um dia a dor diminui, o
enfermo consegue levantar da cama e cada pisada no chão é menos desagradável. Quando
menos percebemos, voltamos a vida com toda a vontade e com saudade do que
deixamos em espera. Retomamos tudo e só cuidamos de limpar e arrumar sempre
para que a cicatriz seja mínima, quase invisível.
Tratamos a nós mesmos a todo o tempo, analisamos o que se
passa em nossas entranhas e em nossa cabeça, e decidimos, por A ou por B, por
ir ou voltar, pelo sim ou pelo não. É um processo doloroso, mas um dia “la pena
se va, se va, se fué”. Convalesço de minhas análises internas e tento colocar
os dois pés no chão firmemente para tomar decisões. O momento não é propício,
mas elas urgem, e fingir que não estão aí, postas, apenas causam danos
colaterais. Decidir não é preciso, e por isso precisamos decidir. Abro os
braços e me jogo nas mãos do destino. Penso em benefícios a longo prazo, mas
lembro que a vida se faz aqui, a curto prazo, a cada segundo e agora. E penso e
decido, e preciso decidir logo. O que queres? Nada nem ninguém. Por que não
vens? Porque fico.
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