quarta-feira, 25 de julho de 2007

Do que me choca

Alguém pergunta o que me choca? Betina Botox tem razão ao dizer isso [mais ou me menos com essas palavras], ninguém tá nem aí pro que nos choca, muito menos o que nos fere intimamente.
Você tem direito de achar uma grande bobagem minha, mas pra mim não é. Eu me sinto mal ao ter que retomar um personagem do texto pelo SOBRENOME, quando HOMEM, e pelo NOME, quando MULHER. Se você nunca parou pra pensar nisso, deve dizer "e daí, não é assim mesmo?"; se você convive comigo sabe que não dá o mesmo. O jornalismo deveria ser o primeiro a ir contra essa perpetuação do machismo "semântico" no Brasil; é uma falta de respeito pelas mulheres que, como qualquer homem - e até alguns animais - tem nome e sobrenome, às vezes vários sobrenomes.
Eu compreendo que houve tempo em que o nome das mulheres [completo, pela metade, só as iniciais] nem apareciam nos jornais. Mas já faz tanto tempo, né? Acho que já evoluimos o suficiente para sermos referidas tais quais os homens em textos jornalísticas, em produções acadêmicas, ou no que quer que seja.
No nosso país é muito comum utilizarmos o primeiro nome pra todo mundo. Então, se é um pecado tão grande retomar o sobrenome das mulheres, adotemos o primeiro nome para todos, homens, mulheres, crianças, estudantes, donas-de-casa, drag-queens ou faxineiros. Que segregação 'nominal' é essa?
Então, me desculpem se algum dia você ler uma menção a um homem pelo sobrenome e a uma mulher pelo prenome em uma matéria minha. É uma questão de estilo, que não é o meu.
Para finalizar, cito o Manual da Redação da Folha de S.Paulo, a referência que usamos aqui na ECOS:
"A partir da segunda menção o personagem deve ser identificado apenas pelo sobrenome ou pelo nome mais conhecido" [verbete nomes próprios; pp. 87 e 88 do Manual da Redação da Folha de S.Paulo]

[tenho perfeita consciência que essa não é a postura da maioria dos jornais brasileiros, mas quando se pensa em jornal moderno aqui, o que lhe vem à mente??]

Da memória fraca e a velhice certa

Estou aqui navegando e ouvindo Beatles [porque eu não sou repetitiva, capaz] e me emocionei cantando num inglês sofrível um falsete pior ainda. E aí me lembrei que tem outra menina na sala, alguém que eu não conheço e ela não me conhece. E acho que me dei conta pq ouvi ela rir, mas não tenho certeza por causa dos fones.
Mais cedo eu saí do jornal e depois de andar quatro quadros me lembrei que tinha vindo de carro, e que precisava sair com ele. Voltei, vi um restaurante e resolvi almoçar [meu estômago ganhou do meu atraso em vir pra católica] . Quando saí do restaurante andei mais duas quadras na direção oposta a onde estava o carro. Se alguém parado numa das muitas calçadas-ponto-de-encontro da quinze me viu andando pra cima e pra baixo deve ter pensado: essa menina tem problemas. Pelo menos era o que eu estava pensando.
Estranho eu fazer esse tipo de coisa, não faz muito o meu tipo, sou uma pessoa com uma memória e um nível de concentração próximos à média nacional. Mas que eu tenho esquecido de tudo tenho. É o cansaço. Ou as traças da sala de redação comeram um pedacinho do meu cérebro.

Hoje conversei [é a palavra que eu uso pra entrevistas informais] com um tiozinho de quase 99 anos. A cabeça dele não tá mais uma loucura, datas e fatos se misturam, mas ele me falou uma coisa que eu achei legal: "Se a gente futurasse o que vai acontecer se guardava pro futuro". É, a vida é uma surpresa constante, com coisas que a gente não imagina, mas pras quais a gente tem que se preparar. Eu tento me preparar sem noia, vivendo o presente bem pra ter uma base pro futuro. porque o futuro é isso que vem depois do ponto.

domingo, 1 de julho de 2007

De uma angústia sem título

O semestre passou correndo. Já é julho e eu nem tinha notado! Meu quinto semestre da faculdade já terminou, e nem deu para sentir ainda. Acho que esse foi o semestre mais intenso que vivi nos últimos tempos. Muita coisa aconteceu, mal vi o tempo passar, mas olhando para trás vejo que muita, mas muita coisa mudou, e que o tempo passou, sim. Prefiro nem enumerar tudo que aconteceu [algumas coisas é melhor não publicar mesmo], mas só consigo lembrar das coisas boas que aconteceram. Muita coisa ruim veio junto, mas são coisas que não consigo lembrar. Lembro das boas, porque são boas e porque têm reflexos interessantes até hoje.
Maio sempre foi um mês marcante pra mim, mês de acontecimentos, de coisas intensas, de novas experiências e de muita produção. Esse maio também foi especial, com viagens, amigos e prêmios. Junho - quebrando monotonias juninas - também foi bem legal. Comecei a trabalhar [estagiar] em jornalismo mesmo, e estou tendo a honra de ver coisinhas minhas serem assinadas. Vaidades que só o ego jornalístico perdoa. Até um filme fizemos nesse semestre, coisa que nunca imaginei fazer e que me encantou muito, me deu um gás novo para seguir produzindo, apesar de minha área não ser muito a do audiovisual.
Não sou muito fã de ficar escrevendo sobre mim de forma boba, sem muito estilo e muito porquê como agora, mas estou cansada, vivendo a Fenadoce nos últimos dois dias, trabalhando muito comigo mesma e com os outros, e isso me deixa pensando em como o tempo passa, a gente muda e cresce muito rápido. Minhas amizades estão muito diferentes de um ano atrás, sem fazer juizo de valor, mas agora me sinto mais livre e feliz para aproveitar com esses amigos.
E mesmo fazendo uma avaliação positiva de tudo, me sinto deprimida, triste, me sentindo incapaz, sentindo que não estou dando tudo de mim, me esforçando tanto quanto eu posso me esforçar para fazer as coisas darem certo, para fazer o melhor texto que a minha mente puder produzir, para fazer o melhor comentário possível a mim, e não um comentário bobo que qualquer um faria, ou um texto bobo como esse.
Está tudo lindo, está tudo muito bom, não existe nada que eu possa reclamar, e mesmo assim no final do dia me sinto péssima, a pessoa mais inútil do mundo, sem vontade de voltar para casa ou encarar o que quer que seja. Muito menos encarar a mim mesma.
Parece que eu sigo com algo inacabado, com alguma coisa pendente que não tenho coragem de ir adiante, que não tenho coragem de fazer acontecer de verdade. Estou deixando algo em aberto que não deveria ficar, estou deixando coisas mal esclarecidas, mas essa não é minha característica. Não quero deixar as coisas soltas por aí, e as vontades se acumulando e sendo negligenciadas. Mas falta força, falta vontade, falta coragem de ir em frente e aproveitar tudo isso que me aconteceu e está acontecendo. Medo de mim mesma, medo de vocês.